Se no âmbito histórico-patrimonial, Vila Viçosa é uma referência no Alentejo e no país, já quanto à valorização desses recursos em benefício da atractividade e da imagem do concelho, nomeadamente da sua associação com o turismo, parece haver um trabalho ainda incipiente e um longo caminho a percorrer.
A ausência de promoção do desenvolvimento económico a partir da iniciativa da Câmara Municipal, valorizando de forma associativa e integrada a cultura, o património, o turismo e o lazer é uma das lacunas observadas em Vila Viçosa, ao contrário de outros concelhos com Centros Históricos da mesma dimensão (ex. de Óbidos), com reflexos na fraca capacidade de retenção turística do concelho.
É por isso legítimo questionar se, ao fim de 12 anos de gestão municipal da CDU, a qualidade, quantidade e frequência da actividade cultural do concelho, nomeadamente na animação do centro urbano onde se situa o principal núcleo patrimonial e a Padroeira de Portugal, melhorou substancialmente ou não e se tal se reflectiu num aprofundamento da competitividade turística do concelho.
De uma forma simples, o problema pode resumir-se em torno do facto de Vila Viçosa não ter uma agenda cultural regular que coordene e concerte articuladamente a actividade dos seus agentes culturais, desportivos, associativos e religiosos, em torno de um projecto promovido a partir dos paços do concelho, com ambição de estímulo e regulação dos fluxos turísticos locais.
Observa-se um claro défice de apoio municipal à vertente imaterial do património, a par de notória inércia por parte da autarquia na divulgação e promoção do nome do concelho (ex. da ausência autónoma ou concertada com a ZM na BTL) em eventos que permitam a captação de investimentos externos e visitantes.
Valorizar criativamente o património cultural de Vila Viçosa em benefício do turismo e do lazer, afirmando-o como valor estratégico e oportunidade do desenvolvimento do concelho, promoção da sua imagem e geração de emprego.
Promover economicamente o património cultural (monumental, religioso e industrial), encarando-o como essencial para a dinâmica económico-social local e para a vitalidade de um pequeno centro urbano como Vila Viçosa, enquanto determinante na estratégia de marketing/afirmação de um concelho que urge tornar mais atractivo, acolhedor e hospitaleiro para novos visitantes, residentes e empresas.
Um compromisso de Mandato da candidatura do PSD à Autarquia de Vila Viçosa orienta-se para afirmar a capacidade competitiva de Vila Viçosa nos domínios da cultura, turismo e lazer, por via de uma economia de criatividade que revitalize o Centro Histórico e estimule a iniciativa empresarial da hotelaria, da restauração e o comércio tradicional, na maior capacidade de atracção e retenção de visitantes e turistas.
Trata-se de construir e oferecer uma oferta cultural e artística que estimule a oferta turística e intensifique actividades diversas a partir do riquíssimo património arquitectónico, monumental, religioso, cultural (incluindo o industrial) com história, por via da promoção e valorização criativa de tais recursos.
ORIENTAÇÕES PARA A ACÇÃO IMEDIATA:
Promover uma cooperação e articulação excepcional entre os poderes públicos e os agentes culturais na construção de uma agenda cultural criativa e distintiva, que afirme as especificidades do concelho e da região e, nessa medida, se constitua como pólo de atracção de turismo nacional e internacional;
- Reforçar o binómio cultura-turismo, interligando criação e património, que afirme Vila Viçosa enquanto centro cultural, artístico e religioso frenético, gerador de eventos que atraiam visitantes ao concelho, num fluxo regular e equilibrado durante todo o ano;
- Tornar Vila Viçosa num concelho de indústrias turísticas diversificadas mas associadas e interligadas entre si (cultura/arte/mármores), fruto de articulações institucionais que promovam a visibilidade do património monumental, religioso, cultural e industrial;
- Explorar o potencial de empreendedorismo autárquico na intensificação das actividades com interesse turístico, através da dinamização da animação cultural e artística;
- Construir canais e formas de debate e participação na construção de uma agenda cultural do município, como conselhos, fóruns, etc.;
- Simplificar e tornar mais acessível a informação/agenda cultural no município;
- Reforçar a atractividade turística do Concelho, ampliando a oferta turística existente, promovendo o surgimento de novos produtos turísticos (ex. turismo industrial enquanto ramo do turismo cultural) e o alargamento a novos segmentos de clientes;
- Melhorar e reforçar a oferta hoteleira e de restauração do município;
- Apoiar grupos e movimentos na formação de redes e entidades culturais independentes;
- Estimular a formação cultural da população e dos agentes culturais municipais;
- Estimular o trabalho experimental de artesãos locais (mármore e estanho) e aprofundar a articulação entre o artesanato e o turismo;
- Possibilitar o acesso aos bens culturais e aos equipamentos e garantir infra-estruturas para actividades culturais através da recuperação urbana do Centro Histórico para fins culturais, comerciais e turísticos;
- Recuperar as antigas instalações dos Bombeiros para a Biblioteca Municipal (e espaço de trabalho para grupos de teatro e outras manifestações artísticas), afirmando, pela via da reabilitação urbana, a Rua Florbela Espanca (onde esta e Henrique Pousão nasceram) como artéria cultural berço de ilustres calipolenses;
- Constituição do Conselho Municipal da Juventude e do Conselho Municipal de Cultura, enquanto órgãos de consulta e participação municipal, espaços de articulações e conjugações das múltiplas intervenções dos diversos agentes concelhios;
- Reabertura do Cine-Teatro Florbela Espanca, como sala de espectáculos multifuncional (cinema, teatro, musica,...), com gestão artística autónoma, estabelecendo parcerias com agentes culturais/produtoras/associações, para garantir uma programação regular e diversificada que contribua igualmente para a formação de públicos, realizando espectáculos seguidos de debates, conversas e tertúlias com actores, realizadores, produtores, bailarinos, encenadores, etc;
- Constituição de um Parque Urbano de Lazer e fruição históricocultural na Praça da República, animado com eventos variados durante todo o ano, estimulando a apropriação cultural dos espaços públicos;
- Criação da CALIPOLITICA (Loja de Informação Turística e Cultural) na casa de Henrique Pousão, com espaço para exposições artísticas, acolhimento e informação turística, Centro Interpretativo histórico-cultural e territorial, sanitários públicos, …
- Criar uma agenda cultural digital e respectivos painéis informativos como suporte promocional dos eventos culturais pela divulgação aos residentes locais e visitantes;
- Reabilitação do imóvel de Florbela Espanca e criação de uma Casa-Museu;
- Criação de um parque de auto-caravanas junto à zona desportiva e de lazer, aproveitando o potencial de procura do turismo cultural pelos visitantes do norte e centro da Europa;
- Estimular uma Fábrica das Artes enquanto espaço de criação jovem e centro de negócios criativos, onde se proporcionem condições de instalação para os jovens artistas do concelho e se possa convidar artistas de nome nacional e internacional das artes plásticas e multimédia, a música e a dança em parceria com instituições de ensino profissional artístico, como forma de ampliar a oferta formativa regional, fixar os jovens e diversificar o tecido empresarial;
- Criação e montagem de um grande evento e material promocional tendo como figura central Florbela Espanca, símbolo nacional da poesia feminista, com convites a homens e mulheres da literatura, artes plásticas e música, memorizando esta figura e criando novas obras.
6 comentários:
Os deputados elevaram a cidade as localidades de Valença (V. Castelo), Senhora da Hora (Matosinhos), S. Pedro do Sul (Sede de Concelho), Samora Correia (Benavente) e Borba (Évora).
Entre os critérios para a elevação a cidade, a Lei estabelece que tem que ter mais de 8 mil eleitores e pelo menos, metade dos seguintes equipamentos:
-instalações hospitalares, farmácias, bombeiros, casa de espectáculos e centro cultural, museus e bibliotecas, instalações de hotelaria, estabelecimentos de ensino pré-primário, preparatório e secundário, transportes públicos e parques ou jardins públicos.
http://www.europeias2009.mj.pt/localidades.html#
Ora, os resultados das Europeias mostram que Borba tem em 2009 6.669 eleitores, e que tinha em 2004 apenas menos 8: 6.661.
Vila Viçosa, em contrapartida, tem 7.613 eleitores em 2009 e tinha 7.428 em 2004.
É esta a grande justiça que os deputados do PS Paula de Deus e Bravo Nico fizeram a Vila Viçosa.
Continuem a votar no PS que vão longe.
Caríssimos, expliquem-me porque é que o PSD votou favoravelmente à elevação de Borba a Cidade hoje na Assembleia da República???
Espero que tenham a coragem de publicar este comentário!
Melhores cumprimentos!
Porque razão não votaria o PSD hoje na AR a elevação a cidade de todas as vilas propostas? Faria sentido o PSD dizer que votaria todas as restantes 20 menos Borba? Há outras nas mesmas circunstâncias forçadas de Borba, nesse mesmo pacote.
Parece que estamos a brincar aos miúdos de escola primária, fase que já passámos há muito se quisermos discutir ao sério a questão.
Tal significa entender que os 2 deputados do PS eleitos pelo círculo eleitoral de Évora, de entre todas as restantes vilas deste distrito, escolheram Borba para propor elevarem no pacote e não outra.
Poderiam também não ter escolhido qualquer uma para propor, pelo simples facto de nenhuma reunir todas as condições.
Mas acharam que esta é mais bonita, porque a CM é do PS. Tal como a última que escolheram foi Reguengos.
O deputado do PCP/CDU não escolheu qualquer uma e, também não escolheu Vila Viçosa.
Deputados do PSD por este distrito de Évora, não há. Se há malta que não tem essa informação, ainda está a tempo de aprender agora.
Confesso que não me sentiria bem ver deputados do PSD pelo distrito de Setúbal (embora sejam deputados da Nação depois da sua eleição) a proporem a elevação de Vila Viçosa a cidade, da forma forçada como Borba foi objecto.
O que confesso nunca me passou pela cabeça foi esta palhaçada dos deputados do PS. Valha-nos o PSD que, em vez de se distrair com estas macacadas apenas para propaganda eleitoral do PS (pelos vistos sem grandes resultados, a avaliar pelos últimos resultados), trouxe a Vila Viçosa os seus deputados (entre eles Rangel) nas jornadas parlamentares que se realizaram em Évora.
Vieram a Vila Viçosa e não a outro concelho, por ter o PSD considerado que aqui está um dos problemas mais evidentes da governação soclialista: o desprezo pelas PME's exportadoras.
A confirmar essa convicção do PSD nos finais de 2008, estariam os valores do desemprego dos primeiros meses de 2009, com um surto de desemprego no concelho nunca antes visto.
Também pelos conches (que basta estar atento ás notícias dos últimos dias para confirmar) que vão mesmo para o novo Museu em Lisboa, cujo Governo PS teima em construir, contra a opinião fundamentada de todos os especialistas, o PSD se debateu e defendeu, sendo o primeiro a levantar a questão a nível regional e chamando a atenção do Governo e do Presidente da República sobre o assunto.
Enfim, coisas que parecem não ter importância para outras forças políticas, cuja leviandade demonstrada na gestão local e nacional é visível.
Para o PSD, trata-se de coisas sérias, que continuará a defender, com a mesma determinação, antes e depois das eleições.
O mote só agora se escreveu. O mais bonito é o resto.
Toda a resposta que me foi dada foi muito bonita e até verífica, pois o Dr. Rangel foi de facto o único deputado a visitar Vila Viçosa exercendo as suas funções de deputado, contudo, penso que formulei mal a questão. Se a maioria das novas cidades não têm condições para tal e se grande parte das novas vilas também não tem condições para tal, qual a justificação para o PSD ter concordado com a elevação das mesmas e ter votado favoravelmente?
E os meus parabéns por terem publicado a minha pergunta, visto que o PS de Vila Viçosa ainda não o fez e infelizmente não me parece que o vá fazer...
Ouvi hoje de manhã o debate na Rádio Campanário e fiquei parvo com várias coisas:
Uma delas foi a ausência do CDS no debate. Se não conseguem ninguém aqui da terra para ir a um debate sobre eleições legislativas e discussão de questões nacionais, um projecto para a região Alentejo e o distrito de Évora e para discutir questões locais de enorme importância para o nosso futuro, que hoje ouvi debater, então, pergunto, para que concorre e a que concorre o CDS? Isto no pressuposto de conseguirem fazer listas, o que cada vez mais duvido.
Outra intrigante questão prende-se com as declarações do Bravo Nico, que foi um dos proponentes da elevação de Borba a cidade. O homem disse tudo: o PS fez realmente um grande favor a Vila Viçosa, que foi a criação de uma cidade a 5 km desta vila.
Porra, mandem esses filhos da mão do PS às urtigas.
Hoje às 18:00 entrevista a Manuel Condenado na Rádio Campanário a proposito da elevação de Borba a cidade..
E amanha será entrevistado o Prof. Sá - Presidente da Camara de Borba.
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