O blog Autárquicas em Vila Viçosa deu o mote para uma discussão que nos parece bem pertinente e oportuna na altura das comemorações da restauração da independência de Portugal.
O post, com o qual concordamos na sua maioria, surge antes pelo facto de essas comemorações mais uma vez continuarem ausentes da programação cultural da CM de Vila Viçosa.
Ora, sobre as oportunidades desperdiçadas nesta matéria e associadas a este assunto, guardámos em tempos um artigo de opinião que apesar de ser de 2007, continua actual e deixa algumas pistas ao PS que ganhou a Câmara sem saber como e sem estar à altura, fazendo questão de nos confirmar isso todos os dias, através da fraquíssima inicitaiva em áreas com tanto potencial como a cultura.
Aqui vai e, não digam que o PSD não contribui.
Nos últimos dias, tive ocasião de falar com vários jovens sobre o significado do dia 1.º de Dezembro, tendo constatado que o desconhecimento sobre o assunto é relativamente generalizado.
No dia 2 de Dezembro, no dia seguinte ao feriado, folheei os jornais diários procurando algo sobre as Comemorações do 1.º de Dezembro e a única coisa que encontrei foi, no Diário de Notícias, uma foto com legenda sobre uma “manifestação nacionalista” - presumo que de um agrupamento de extrema-direita – referindo a legenda a existência de comemorações oficiais, sem, contudo, especificar onde se realizaram e em que consistiram.
As minhas recordações sobre as Comemorações do 1.º de Dezembro são também ténues e referem-se a desfiles na Praça dos Restauradores, em Lisboa. Penso, no entanto, que cabe perguntar se faz sentido haver um feriado em que nada acontece e relativamente ao qual parte da população – diria que sobretudo os segmentos mais jovens – nem sabe a que se refere?
Num mundo mediático, onde muito se vive de eventos e imagens, é natural que os jovens não tenham sequer ideia sobre o significado de uma longínqua restauração de uma independência perdida em séculos distantes que, aparentemente, nada têm em comum com as preocupações no horizonte contemporâneo.
Mas a globalização e a integração europeia exigem ainda maior necessidade de afirmação nacional, o que se configura como um dever para com aqueles que, ao longo de quase 900 anos, se bateram por um país independente. Na verdade, desde a conquista do território, até aos sucessivos momentos em que a independência esteve em perigo como na crise de 1383-1385, no período de regência do Prior do Crato, nas guerras da Restauração ou nas invasões francesas, milhares destes portugueses pagaram a independência com a própria vida.
No caso de um feriado laico como este, penso que cabe ao Estado a responsabilidade de manter viva a data, em primeiro lugar reintroduzindo-a com outra importância nos manuais escolares mas também através de eventos que estimulem a participação popular e que, de uma forma moderna e apelativa, possam constituir um motivo de interesse para várias gerações.
Qual pode ser, então, o papel do Marketing em situações como esta? Num contexto de uma crescente sofisticação que pode ser posta ao serviço da captação e da mobilização da sociedade civil, nomeadamente os jovens, para as causas e valores nacionais, o Marketing da História pode ter um papel determinante estimulando o interesse pela revisitação de marcos importantes do nosso passado:
– Analisando a percepção dos jovens sobre este tipo de acontecimentos;
– Identificando e prescrevendo o tipo de iniciativas que mais eficazmente podem permitir o conhecimento e a adesão destes segmentos;
– Concebendo uma estratégia coerente de médio e longo prazo, para desenvolver uma correcta percepção sobre os valores que devem estar associados à noção do País;
– Implementando um conjunto de medidas e acções susceptíveis de mobilizar a população neste domínio.
Se, além do reforço desta ideia nos programas escolares – e já é tempo de perdermos os complexos que associam as comemorações da Restauração ao Antigo Regime! – se realizassem eventos (como, por exemplo, uma “reconstituição histórica do 1º de Dezembro” com intervenção actores carismáticos junto de uma população juvenil, concursos e jogos de televisão sobre o tema, eventos musicais em ambientes de época), seria, porventura, menos provável que no dia seguinte ao do feriado do 1º de Dezembro, os jornais nada referissem de relevante sobre esta data e respectivas comemorações e os jovens desconhecessem o seu significado.
Espero muito que Portugal, uma das mais antigas nações da Europa, se mostre capaz de manter sua identidade nacional e não seja “engolido” numa lógica iberista, o que tornaria necessário um novo 1640. (...)
1 comentário:
Caros companheiros, lamento mas não estou de acordo, que o nível cultural ainda não é o que devia se é verdade, mas pergunto quem é que tem o nível cultural perfeito e a que custo.
Em primeiro lugar as pessoas tem que ter hábitos de cultura e nós Calipolenses não os temos, herdamos uma série consecutiva de governação CDU ou PCP como preferirem em que não tínhamos nada de nada, de facto este executivo nesse aspecto tem feito algumas coisas, se o companheiro acha que o Vitorino, o Rão Kyao, o Quinteto Jazz de Lisboa, o Carlos Mendes, o Janita, o Coral de Évora e outros que agora não me ocorrem não tem qualidade, talvez preferisse o Tony Carreira, mas gostos são gostos.
Eu ainda sou do tempo em que um grande homem Francisco Sá Carneiro dizia que se devem combater os inimigos com verdades, e razão, e como tal não posso pactuar com o seu comentário porque a verdade é que se tem feito culturalmente uma pouco mais que aquilo que alguma vez foi feito, de não chega isso é outra coisa, é que de facto há muitas outras coisas em que nada ainda foi feito, mas nesta área não é verdade.
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