quinta-feira, 29 de setembro de 2011

VILA VIÇOSA PASSOU DO MARASMO AO RETROCESSO. POR QUANTO TEMPO MAIS...?

O Partido Socialista (PS) conseguiu num curto espaço de tempo o notável feito de elevar Borba a cidade e de fazer eleger em Vila Viçosa um executivo municipal que substituiu o marasmo pelo retrocesso desta Vila. Pior seria impossível.


Ao fim de 2 anos de ocupação de poder local (não se pode chamar governação autárquica ao que por aqui temos visto), o auge da incompetência que sempre se adivinhou: a suspensão da execução da Biblioteca e Arquivos Municipais, pelo facto de a obra representar um encargo financeiro desmesurado.


Os calipolenses rejeitaram a proposta do PSD, que sempre discordou daquela obra naquele local, sugerindo a recuperação das antigas instalações dos Bombeiros para a Biblioteca Municipal (e espaço de trabalho para grupos de teatro e outras manifestações artísticas) e afirmando por essa via da reabilitação urbana, a Rua Florbela Espanca como artéria cultural berço de ilustres calipolenses, ao contrário do PS que por comodismo deixou andar a obra iniciada pela CDU.


O desfecho a que o PS conduziu o processo priva os calipolenses de um importante equipamento colectivo, sem grandes esperanças de que se possa recuperar o mesmo, deixando mais uma cratera de água infestada e o pouco recomendável esqueleto de obras junto ao actual Museu do Mármore e à mercê dos olhares dos seus visitantes.

Num concelho com várias crateras de pedreiras abandonadas, afinal não se recuperou nenhuma que estivesse abandonada (como foi prometido para a famosa Ópera na Pedreira), mas antes se criou mais uma e, desta vez pela própria Câmara Municipal, que terá por certo abandonado em definitivo o projecto de classificação da Vila como Património da Humanidade pela UNESCO.

As declarações do Presidente da Câmara para justificar a suspensão da obra são pouco claras e nada coerentes:

Uma das explicações aponta para o facto de a realização do projecto implicar penalizações para a Câmara durante 20 anos por via de canalização de todas as receitas municipais para o pagamento do empréstimo contraído.
  • Fica por esclarecer qual a % da obra que era financiada pelos Fundos Comunitários e quanto seria a comparticipação por parte da CM, tal como fica por esclarecer se algum adiantamento dos mesmos fundos chegou à CM neste espaço de 2 anos e se agora haverá lugar à devolução dos mesmos;
  • O executivo do PS parece não ter tido dúvidas durante estes 2 anos de mandato (nem durante a campanha eleitoral) quanto à sua construção, ou quanto ao seu financiamento, não tendo desenvolvido qualquer processo de interrupção da obra ou dos concursos que já estavam a decorrer, o que teria por certo acarretado menos custos do que aqueles que agora a CM terá que suportar pelo abandono definitivo da obra.
  • A situação já tinha sido denunciada pelo PSD mas nunca foi esclarecida pelo executivo, mantendo-se por isso incompreensível o processo, do ponto de vista da gestão pública.


Refere o Presidente da CM que a medida não é prioritária em momentos de crise e que é preferível aplicar o dinheiro em benefícios sociais, emprego e saúde.
  • Desde logo, merece destaque o facto de as questões sociais, o desemprego e a assistência na saúde não serem novas dos últimos meses em Vila Viçosa a não ser para o Presidente da CM que delas não deu conta durante a campanha eleitoral autárquica, ao contrário do PSD, que estabeleceu como prioridade ajudar as famílias calipolenses a enfrentar a crise em que o PS já havia mergulhado o país, mas que mesmo assim continuava a prometer levar os idosos a passear, para acompanhar a moda no nosso vizinho concelho de Alandroal;
  • Ao contrário do PS, que agora acordou para a crise, o PSD estabeleceu como desafio, no curto prazo, precaver e evitar o aumento das desigualdades sociais e procurar a sua diminuição, mantendo elevados níveis de coesão social, enquanto garante da manutenção dos padrões de qualidade de vida. O curto prazo queria dizer exactamente estes 2 anos, durante os quais o PS andou distraído quanto às necessidades sociais, de emprego e de saúde dos calipolenses;
Uma terceira justificação com pouco sentido, por parte do Presidente da CM, assenta na declaração de que “Há alturas de vacas gordas em que podemos fazer as coisas de qualquer maneira e há alturas de vacas magras onde temos de ter opções”.
  • Como se a situação do país durante a campanha eleitoral fosse de vacas gordas, o Presidente eleito pelo PS, descobriu também ele, só agora que o mundo e Vila Viçosa mudaram da noite para o dia e, vai daí, acordámos todos (ele) no meio da mais profunda crise que se abateu sobre nós a uma velocidade vertiginosa;
  • Talvez por isso, enquanto o PSD falava da necessidade de ajudar as famílias e as empresas calipolenses a enfrentarem a crise, o PS, na ânsia de ganhar a CM a qualquer preço, continuava a mentir sobre a crise e a prometer construir tudo e mais alguma coisa: pavilhão multiusos, pousada de juventude, parque de feiras e exposições, casas museu, circuitos de manutenção, parque desportivo de Bencatel, parque desportivo de Ciladas (com arrelvamento do campo de futebol), ...
  • Se há que fazer opções em época de crise, ficámos a saber que a ópera na pedreira foi uma opção a tantas outras coisas onde se poderia ter gasto o mesmo dinheiro;
Os calipolenses vêem assim o executivo municipal que elegeram (e que já não se sabe bem que força política representa) chegar a meio do seu primeiro mandato com um desgaste tão ou mais profundo em apenas 2 anos quanto o que conseguiu a CDU, da qual estavam cansados, pelo marasmo.

Desde a confusão interna que resultou no conflito aberto e descarado no executivo e no consequente abandono do Vice-Presidente, até à deliberação camarária (publicada no Edital nº 22/2011) que reconheceu a falência da Câmara e decretou o recurso a um plano de saneamento financeiro, o que levou a que o Presidente do mesmo catalogasse os seus vereadores (do PS) de "badamecos" (Rádio Campanário), temos visto de tudo um pouco.

Parece pois mais que evidente a fragilidade política e eleitoral do executivo municipal, que se vem acumulando, gerando crescentes rumores (oriundos do próprio PS) de abandono das funções pelo Presidente da Câmara, a curto prazo.

Ora, como não há fumo sem fogo, nem seria a primeira vez que o agora investido Presidente abandonaria as suas funções autárquicas antes do final do seu mandato, conviria que o mesmo esclarecesse a coisa, antes de se decidir por abandonar o barco, eventualmente, diga-se.

Seja agora ou pouco mais tarde, parece inevitável o abandono, por estar demonstrada à evidência a dificuldade do actual Presidente da CM de Vila Viçosa em continuar a exercer as suas funções, dada a incapacidade de gestão pública e autárquica, comprovada pela justificação da suspensão da obra da Biblioteca Municipal, na medida em que:
  • Ou o então candidato autárquico teve consciência da crise, em 2009, mas continuou a prometer o que não podia cumprir, devido à crise que já atingia Portugal e, em tais circunstâncias revelou-se um demagogo e enganou os calipolenses, restando saber se aos dias de hoje continua a merecer a confiança dos mesmos (tal não aconteceu a José Sócrates, por motivos semelhantes);
  • Ou o então candidato não teve consciência da crise nem das circunstâncias difíceis em que o país e o concelho mergulhariam a curto prazo e, nesse caso, revelou-se incompetente enquanto gestor público, com falta de ou errada visão, incorrecta avaliação dos problemas e das condicionantes e incapaz, por tudo isso, para conduzir os destinos do concelho.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que faz falta para Vila Viçosa ou para qualquer localidade é visão, projecto de futuro, traçar um rumo, saber para onde se quer caminhar, que objectivos se pretendem alcançar.
Quanto a projectos que envolvam grandes quantidades de dinheiro - que não há - estão fora de questão, não se deve ir por aí.
Há muito para fazer que não necessita de muito dinheiro:
- melhorar a limpeza, acreditando que se pode chegar à população e mudar hábitos - há meios para fazer isso;
- a região deve ter uma zona de trilhos, aspecto importante ao nível do desenvolvimeto do turismo moderno;
- requalificar a área circundante do castelo é urgente;
- o património da fundação tem que dar para mais: palácio, castelo e tapada.

Não tenho grandes ilusões, não vejo muita gente com olhos e com pernas para trilhar caminho, é sempre a mesma história de sempre: pavilhões, bibliotecas, piscinas etc, projectos caros e que nem serão os mais urgentes como arás referi.